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Ana Emilia Iponema Brasil Sotero
A
violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de
mulheres, crianças, adolescentes, idosas e idosos, em grande número
de vezes de forma dissimulada, silenciosa e tem proporções
epidêmicas no mundo todo.
A
vítima de violência doméstica, comumente, tem auto-estima
baixíssima e se encontra atrelada na relação com quem agride, seja
por dependência emocional ou material. O agressor geralmente acusa a
vítima de ser responsável pela agressão, a qual acaba
interiorizando grande culpa e vergonha. A vítima também se sente
violada e traída, já que o agressor arrepende-se, após a agressão
cometida, que nunca mais vai repetir este tipo de comportamento,
vindo a reincidir reiteradas vezes. A
dependência emocional, mais que a econômica, é que faz a mulher
suportar agressões, além dos princípios morais e religiosos. A
violência psicológica ou agressão emocional, às vezes são tão
ou mais prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição,
depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições
exageradas. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais
visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes eternas.
A
agressão psicológica na violência doméstica e familiar é fazer
com que a agredida se sinta inferior, dependente, culpada ou omissa,
é um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terrível. A
atitude cruel com esse objetivo é quando o agressor faz tudo
corretamente, impecavelmente certo, não com o propósito de ensinar,
mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência. O agressor
com esse perfil tem prazer quando a outra pessoa se sente
inferiorizada, diminuída, incompetente e impotente.
A
violência verbal normalmente se dá simultaneamente à violência
psicológica. Alguns agressores agridem verbalmente outros membros da
família (filhas e filhos), incluindo momentos quando estes estão na
presença de outras pessoas estranhas, no intuito de atingir sua
companheira. O agressor verbal, ao perceber que um comentário é
esperado para o momento, se cala, emudece e, incontestavelmente, esse
silêncio machuca mais do que se tivesse pronunciado uma só palavra.
Uma
das formas de tratar a violência contra a mulher, é iniciando o
tratamento por ela, elevando sua auto-estima, empoderando-a,
fortalecendo sua autonomia pessoal para que tenha mais confiança em
si mesma para romper as “correntes”, e assim definitivamente sair
da dependência emocional que a aprisiona, tirando-lhe a dignidade
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Professora, advogada, doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais,
palestrante sobre violência de gênero, presidente do conselho
estadual dos direitos da mulher de mato grosso.