quarta-feira, 22 de junho de 2011

ESPELHO DE VÊNUS: QUESTÕES DA REPRESENTAÇÃO DO FEMININO


Cíntia Schwantes (UFPel)

Estou retomando aqui uma questão antiga. Quando Platão propôs a expulsão dos poetas da cidade ideal, pois eles imitam uma imitação, uma das coisas posta a nu foi a obliqüidade da relação mimética que há entre literatura e sociedade. Isso significa que não encontramos na literatura um retrato confiável de determinada sociedade. Por outro lado, quando Roland Barthes afirma, algo provocativamente, que uma única página do Robinson Crusoe permitiria a reconstrução dos saberes do séc. XVIII, ele está nos dizendo que a literatura presta, sim, um testemunho sobre a sociedade na qual foi criada. A psicanálise, que considera a literatura correlata aos sonhos, um sistema simbólico no qual as deformações e as lacunas são tão significativas quanto as afirmações contidas neles, é uma possível solução a esse impasse. Outras podem ser apontadas. O princípio do qual eu parto aqui, é o de que a literatura nos fornece sinais indiretos, muito mais do que diretos, sobre a sociedade na qual circulou, ou circula. A literatura não nos diz como somos, mas sim, como pensamos que somos, como desejamos ser, e no limite, como não somos.

Ler matéria na íntegra: http://www.amulhernaliteratura.ufsc.br/artigo_cintia.htm


Um comentário:

  1. O link está quebrado, vc poderia me enviar por email? gostaria muito de ler esse texto :) beatrizaraujo.pa@gmail.com

    Obrigada <3

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