sábado, 25 de fevereiro de 2012

DEPENDÊNCIA EMOCIONAL CAUSA VIOLÊNCIA DE GÊNERO


* Ana Emilia Iponema Brasil Sotero

A violência doméstica é um problema universal que atinge milhares de mulheres, crianças, adolescentes, idosas e idosos, em grande número de vezes de forma dissimulada, silenciosa e tem proporções epidêmicas no mundo todo.
A vítima de violência doméstica, comumente, tem auto-estima baixíssima e se encontra atrelada na relação com quem agride, seja por dependência emocional ou material. O agressor geralmente acusa a vítima de ser responsável pela agressão, a qual acaba interiorizando grande culpa e vergonha. A vítima também se sente violada e traída, já que o agressor arrepende-se, após a agressão cometida, que nunca mais vai repetir este tipo de comportamento, vindo a reincidir reiteradas vezes. A dependência emocional, mais que a econômica, é que faz a mulher suportar agressões, além dos princípios morais e religiosos. A violência psicológica ou agressão emocional, às vezes são tão ou mais prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes eternas.
A agressão psicológica na violência doméstica e familiar é fazer com que a agredida se sinta inferior, dependente, culpada ou omissa, é um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terrível. A atitude cruel com esse objetivo é quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certo, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência. O agressor com esse perfil tem prazer quando a outra pessoa se sente inferiorizada, diminuída, incompetente e impotente.
A violência verbal normalmente se dá simultaneamente à violência psicológica. Alguns agressores agridem verbalmente outros membros da família (filhas e filhos), incluindo momentos quando estes estão na presença de outras pessoas estranhas, no intuito de atingir sua companheira. O agressor verbal, ao perceber que um comentário é esperado para o momento, se cala, emudece e, incontestavelmente, esse silêncio machuca mais do que se tivesse pronunciado uma só palavra.
Uma das formas de tratar a violência contra a mulher, é iniciando o tratamento por ela, elevando sua auto-estima, empoderando-a, fortalecendo sua autonomia pessoal para que tenha mais confiança em si mesma para romper as “correntes”, e assim definitivamente sair da dependência emocional que a aprisiona, tirando-lhe a dignidade

* Professora, advogada, doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais, palestrante sobre violência de gênero, presidente do conselho estadual dos direitos da mulher de mato grosso.


Nenhum comentário:

Postar um comentário