*Ana Emilia Iponema
Brasil Sotero
Qualquer mulher pode
ser vítima de violência, sendo este um fenômeno democrático que
atinge todas as classes sociais. Quando a mulher é negra a situação
se agrava, pois o racismo produz outras violências.
Sabe-se que a
violência contra a mulher não afeta apenas as mulheres pobres, ela
é uma constante no cotidiano que atravessa ideologias, classes
sociais, raças e etnias. Representa um abuso físico, sexual,
emocional e econômico no âmbito familiar. Causando danos físicos e
psicológicos a violência nega a auto-estima às mulheres, mutila
sua saúde, anestesia a desenvoltura humana feminina, impedindo sua
participação na sociedade, tornando-as improdutivas, colocando-as à
margem dos processos de tomada de decisões.
Suas causas estão
relacionadas com as desigualdades entre homens e mulheres e com a
hierarquia de gênero, onde o masculino domina o feminino. As
mulheres quando isoladas dentro em sua residência, sob o domínio
machista do companheiro e somente voltada para sua família
desconhecem seus direitos e perdem valores éticos como o respeito,
solidariedade e dignidade e desta forma sofrem outra violência,
conhecida como violência social.
O entendimento de
gênero como elemento constitutivo das relações sociais, baseadas
nas diferenças entre homem e mulher e nas relações de poder é
fundamental na abordagem sobre o tema violência contra a mulher.
As mulheres
antigamente eram consideradas objetos de seus senhores (pais, irmãos
mais velhos e maridos). Viveram num mundo machista e preconceituoso
de supremacia masculina, com liberdade restrita e direitos
suprimidos, anulados ou ignorados.
Gênero
é uma construção social vinculada à forma como a sociedade
constrói as diferenças sexuais, atribuindo status
diferente a homens e mulheres. A expressão sexo
designa
apenas a caracterização anatômica das pessoas, enquanto gênero
se refere á dimensão social da sexualidade humana.
Violência
de
gênero
é qualquer ato que resulte ou venha resultar em dano ou sofrimento
físico, sexual ou psicológico à mulher, incluindo ameaças,
castigos, maus tratos, pornografia, agressão sexual, incesto e
coerção ou privação arbitraria de liberdade em público ou na
vida privada. É um problema mundial e antigo. Ao longo da historia
dos países civilizados e dotados dos mais diferentes regimes
econômicos e políticos, ações tais como: agredir, matar, torturar
e estuprar uma mulher, criança, adolescente ou idosa são fatos que
acontecem constantemente.
A intensidade da
agressão é variável, sendo mais freqüente em países onde
prepondera cultura masculina, em menor gravidade em outras culturas
onde buscam através de ações igualitárias solucionar as
diferenças de gênero.
A cultura machista
que por décadas impôs submissão e desigualdades, em relação às
mulheres produzindo uma espécie de empoderamento dos homens e junto
com ele a idéia nefasta de que a mulher “sendo sua” estaria
sujeita aos seus comandos e a todo tipo de violência, desrespeito e
arbitrariedades.
Aos homens ao longo
do tempo, a sociedade deu papéis importantes e respeitados. Restando
às mulheres, as tarefas domésticas e os cuidados com os filhos e a
execução de papéis menos significativos, tidos como uma própria
extensão do lar, aliados à baixa remuneração e nenhum poder. Hoje
ainda têm-se profissões femininas,
tais como: enfermagem, magistério, assistente social, onde a figura
masculina ainda é muito tímida. Estatisticamente, são
pouquíssimas as mulheres que realmente chegam ao poder, sendo-lhes
cobrado muito mais competência e dedicação que dos homens, sem
falar que a maioria recebe salários inferiores dos que são pagos
aos homens, mesmo quando executam funções idênticas. Tais
situações se agravam quando se trata da mulher negra e suas
conquistas no âmbito público da sociedade.
*Professora,
advogada, doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais, palestrante
sobre violência de gênero, presidente do conselho estadual dos
direitos da mulher de mato grosso. Email:
soteroanaemilia@gmail.com,
Facebook:
http://facebook.com/AnaEmiliaBrasil
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