domingo, 22 de abril de 2012

CONHECENDO A VIOLÊNCIA DE GÊNERO


*Ana Emilia Iponema Brasil Sotero

Qualquer mulher pode ser vítima de violência, sendo este um fenômeno democrático que atinge todas as classes sociais. Quando a mulher é negra a situação se agrava, pois o racismo produz outras violências.
Sabe-se que a violência contra a mulher não afeta apenas as mulheres pobres, ela é uma constante no cotidiano que atravessa ideologias, classes sociais, raças e etnias. Representa um abuso físico, sexual, emocional e econômico no âmbito familiar. Causando danos físicos e psicológicos a violência nega a auto-estima às mulheres, mutila sua saúde, anestesia a desenvoltura humana feminina, impedindo sua participação na sociedade, tornando-as improdutivas, colocando-as à margem dos processos de tomada de decisões.
Suas causas estão relacionadas com as desigualdades entre homens e mulheres e com a hierarquia de gênero, onde o masculino domina o feminino. As mulheres quando isoladas dentro em sua residência, sob o domínio machista do companheiro e somente voltada para sua família desconhecem seus direitos e perdem valores éticos como o respeito, solidariedade e dignidade e desta forma sofrem outra violência, conhecida como violência social.
O entendimento de gênero como elemento constitutivo das relações sociais, baseadas nas diferenças entre homem e mulher e nas relações de poder é fundamental na abordagem sobre o tema violência contra a mulher.
As mulheres antigamente eram consideradas objetos de seus senhores (pais, irmãos mais velhos e maridos). Viveram num mundo machista e preconceituoso de supremacia masculina, com liberdade restrita e direitos suprimidos, anulados ou ignorados.
Gênero é uma construção social vinculada à forma como a sociedade constrói as diferenças sexuais, atribuindo status diferente a homens e mulheres. A expressão sexo designa apenas a caracterização anatômica das pessoas, enquanto gênero se refere á dimensão social da sexualidade humana.
Violência de gênero é qualquer ato que resulte ou venha resultar em dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, incluindo ameaças, castigos, maus tratos, pornografia, agressão sexual, incesto e coerção ou privação arbitraria de liberdade em público ou na vida privada. É um problema mundial e antigo. Ao longo da historia dos países civilizados e dotados dos mais diferentes regimes econômicos e políticos, ações tais como: agredir, matar, torturar e estuprar uma mulher, criança, adolescente ou idosa são fatos que acontecem constantemente.
A intensidade da agressão é variável, sendo mais freqüente em países onde prepondera cultura masculina, em menor gravidade em outras culturas onde buscam através de ações igualitárias solucionar as diferenças de gênero.
A cultura machista que por décadas impôs submissão e desigualdades, em relação às mulheres produzindo uma espécie de empoderamento dos homens e junto com ele a idéia nefasta de que a mulher “sendo sua” estaria sujeita aos seus comandos e a todo tipo de violência, desrespeito e arbitrariedades.
Aos homens ao longo do tempo, a sociedade deu papéis importantes e respeitados. Restando às mulheres, as tarefas domésticas e os cuidados com os filhos e a execução de papéis menos significativos, tidos como uma própria extensão do lar, aliados à baixa remuneração e nenhum poder. Hoje ainda têm-se profissões femininas, tais como: enfermagem, magistério, assistente social, onde a figura masculina ainda é muito tímida. Estatisticamente, são pouquíssimas as mulheres que realmente chegam ao poder, sendo-lhes cobrado muito mais competência e dedicação que dos homens, sem falar que a maioria recebe salários inferiores dos que são pagos aos homens, mesmo quando executam funções idênticas. Tais situações se agravam quando se trata da mulher negra e suas conquistas no âmbito público da sociedade.
*Professora, advogada, doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais, palestrante sobre violência de gênero, presidente do conselho estadual dos direitos da mulher de mato grosso. Email: soteroanaemilia@gmail.com, Facebook: http://facebook.com/AnaEmiliaBrasil

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