*Ana Emilia Iponema Brasil Sotero
A partir da revolução francesa que
surgiu do movimento feminista, quando em 1789 algumas mulheres se encorajaram e
denunciaram a sujeição em que eram mantidas e que se manifestava nas esferas
jurídica, política, econômica, educacional e pessoal, essas atitude desencadeou uma convulsão social que pôs a
prova o sistema político e social, vigente na França e no resto do Ocidente.
A escritora e militante feminista
Olympe de Gouges redigira um projeto de declaração dos direitos da mulher,
inspirada nas idéias poéticas e filosóficas do Marquês de Condorcet, enquanto os
revolucionários proclamavam uma declaração dos direitos do homem e do cidadão.
As francesas criaram inúmeros
clubes de ativistas femininas e participaram ativamente da vida política desde
o início da revolução. Em 1792, encabeçada por Etta Palm, uma delegação foi até
a Assembléia para exigir que as mulheres tivessem acesso ao serviço público e
às forças armadas; essa exigência não foi atendida e o movimento feminino foi
suprimido pelo Presidente do Comitê de
Salvação Pública que proibiu as mulheres se associassem a clubes, e o projeto
de igualdade política de ambos os sexos foi arquivado.
Em 1848, a França conheceu nova
revolução e, como a anterior, sacudiu as bases da ordem estabelecida e mais uma
vez os clubes feministas proliferaram no país. As mulheres agora reivindicavam
não só a igualdade jurídica e o direito a voto, mas também a equiparação de
salários. Essas novas exigências se explicavam pelas transformações da
sociedade européia da época, que com a crescente industrialização, as mulheres
dos meados do século XIX foram cada vez mais abandonando seus lares para empregarem-se
como assalariadas nas indústrias e oficinas. Iniciava-se, assim, a dura
realidade da mulher no mercado de trabalho: se os operários da época já eram
mal remunerados, as mulheres recebiam menos ainda. Era mais vantajoso dar
emprego às mulheres que aos homens, e, assim, estes últimos viram-se envolvidos
em uma desleal concorrência com o sexo oposto e como conseqüência dessa
resistência surgiram movimentos de oposição ao trabalho feminino.
Nesse panorama, despontam dois
fenômenos importantes: o primeiro, a partir do momento em que as mulheres se
mostraram capazes de contribuir para o sustento de suas famílias, não foi mais
possível tratá-las apenas como donas-de-casa
ou objetos de prazer; e o segundo, as
difíceis condições de trabalho impostas às mulheres conduziram-nas a
reivindicações que coincidiam com as da classe operária em geral. É, a partir,
dessa época que data a união entre a relação do feminismo com os movimentos de
esquerda.
A bióloga e
zoóloga Berta Lutz, foi a principal líder do movimento feminista brasileiro, quando
em 1922, fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, essa
organização tinha entre suas reivindicações o direito de voto, o da escolha de
domicílio e o de trabalho, independentemente da autorização do marido. Nuta
Bartlett James, outra importante líder feminina participou das lutas políticas
do país na década de 1930 e foi uma das fundadoras da União Democrática
Nacional (UDN).
Com advento da
pílula anticoncepcional, na década de 1960, permitiu uma libertação dos
comportamentos sexuais antes restritos à monogamia e às relações matrimoniais, paralelamente,
o meio intelectual também passou a se voltar para a essa questão com a difusão
de livros de autoras que se interessavam em desconstruir o papel da mulher na
sociedade.
As
intervenções dos movimentos feministas têm contribuído significativamente para
o reconhecimento da diversidade quando da elaboração das políticas públicas e
da organização do Estado.
O
feminismo propõe um projeto de sociedade alternativa e coloca como objetivo uma
transformação profunda, da ordem patriarcal e de seu poder regulador, em nome
de princípios de igualdade, de equidade de gêneros e de justiça social.
*Professora, advogada,
doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais, palestrante sobre violência de
gênero, presidente do conselho estadual dos direitos da mulher de mato grosso. Email: soteroanaemilia@gmail.com, Facebook: http://facebook.com/AnaEmiliaBrasil
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